terça-feira, 24 de novembro de 2009

A prática do Curriculum


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Segunda-feira é dia de botar em prática algumas resoluções: parar de fumar, matricular-se na academia ou começar um regime definitivo. Como eu detesto cigarro, fujo de academia e não tenho tantos quilos extras para perder, passo meus inícios de semana sem planos que envolvam grandes mudanças de vida. Ou quase – desta vez, minha resolução é fazer um currículo.
A tarefa parece ser fácil: basta pegar o arquivo antigo e atualizar meu novo endereço e outras coisas que andei fazendo no período de entressafra depois que saí de meu último emprego. Mas a facilidade é aparente. Montar um currículo é o primeiro passo para ceder ao que venho tentando lutar todo esse tempo (ou seja: projetos pessoais e criativos valem mais do que salário fixo no fim do mês).
Desde que montei o blog, a cia. de teatro, e etc... tenho me envolvido das 9h às 23h. , fico escrevendo meus textos, arrumando o sítio, respondendo e-mails, verificando se o fórum está bem, tentando fazer algo pelos 500 projetos engavetados. Outro dia um amigo meu me ligou à noite e perguntou o que estava fazendo. Quando respondi algo como “atualizando o FAQ”, ele disse “nossa, como você trabalha”. E a ficha caiu.
Nem quando eu passava meus dias – feriados e finais de semana inclusos – num escritório acarpetado e glacial (maldito ar-condicionado) do outro lado da cidade, ralando para fazer a agência caminhar bem, eu me dedicava tanto. Agora entendo a diferença abissal que existe entre trabalho e emprego. O primeiro não envolve necessariamente dinheiro, e é esse o problema. O segundo envolve, e é aí que o currículo entra.
Ah, sim, o currículo. Outra dúvida que eu tenho na confecção de um é: como a pessoa que o recebe vê se sou bom ou não? Ou se sou a melhor oferta para aquela vaga específica? Se algum outro candidato fez a mesma faculdade que eu fiz e trabalhou nas mesmas empresas em que eu trabalhei, ele tem uma vida acadêmica e profissional parecida com a minha, certo? Isso quer dizer que somos iguais? Eu acho que não.
E é por isso que eu queria fazer um currículo alternativo. Sem dados exatos, sem datas específicas. Quem disse que não pode colocar “natação” em cursos extras? Vai ver o sujeito virou uma pessoa melhor depois de aprender a passear pela piscina sem correr risco de afogamento. Isso deveria contar. Daí, meu currículo seria assim:

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Dados pessoais: Léo Santolli. Simples, porém sofisticado, Fino entretanto agradável, um doce de pessoa (vez em quando), gênio ruim quando acorda (e em outros períodos do dia também), arranha no vocal, é amigo pra todas as horas, e jura de pé junto que vai ao seu funeral. Mas é limpinho e trabalhador. Quando quer.

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Objetivo: Ganhar bem fazendo o que gosta. O quê? É impossível? Então ganhar bem, porque já estou fazendo o que eu mais gosto.
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Formação: Escolinha CD, Colégio Antonio Guimarães de Carvalho, Colégio Estadual Genivaldo Fonseca, Centro Educacional Cecilia Meireles, Escola Agrotécnica Federal, Centro Universitário de Sergipe, Universidade Federal de Sergipe. Estrelas douradas, notas máximas e nenhuma recuperação ou DP. (E trabalhos pesados)


Idiomas: Inglês falado, escrito, ouvido e sussurrado. Espanhol, mais ou menos. Francês, tinha noção – mas esqueci. Língua do Pê, fluente.


Informática: Tudo certo. Só não me peçam para mexer no Excel ou no Corew porque fujo correndo sem olhar para trás três dias e três noites. Programas do demo.


Outros cursos: Fiz aula de culinária, e aprendi biscoito de aveia. Tenho alguns anos de dança, mas todos frustrados porque eu queria mesmo era ter feito ginástica olímpica e porque nunca dancei “O Lago dos Cisnes”. Eu fiz , faço e farei Teatro e disso eu não me arrependo, mas meus filhos não farão (acredito).


Experiências Profissionais: Todas começaram bem, mas depois ficaram chatas e bobas.


Informações Adicionais: Adoro trabalhar em equipe, quando a equipe faz o que eu quero. Quando não faz, fico de bico – mas passa. Depois de algumas semanas, claro. Quando algum trabalho me motiva, viro o funcionário mais trabalhador que a empresa pode desejar. Quando não tenho motivação, fico jogando Tetris e checando e-mails. Então é bom que a vaga se encaixe no primeiro caso.

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E aí, tem alguma oferta para mim?

6 comentários:

Michel Oliveira disse...

"Adoro trabalhar em equipe, quando a equipe faz o que eu quero. Quando não faz, fico de bico – mas passa", muito boa essa frase.
Odeio atualizar currículo, principalmente se for a bosta do Lattes. Há pessos com currículos tão bons e nada de caráter. mAs caráter num conta né? Nem ser leal aos amigos e coisa assim...

Michel Oliveira disse...

Ah e tenho uma oferta pra vc sim. Convido para ser mais um dos moradoers do mundo dos sonho. Lá o trabalho é muito, a recompensa as vezes é pouca. Mas a diversão é garantida.

Aynore. disse...

rapaz, é bem dessa mermo.
vou fazer um bem assim pra ver no que dá, num tenho muito a perder não.

Anônimo disse...

Sem propostas concretas.
Na realidade sem propostas.
Mas to procurando o RH do "mundo dos sonho. Lá o trabalho é muito, a recompensa as vezes é pouca. Mas a diversão é garantida."

Se quiser companhia na busca... Que venham os tijolos de ouro!

Gosto dos que são porta bandeira de sí (plagiando Marisa monte).

Leandro Santolli disse...

Tijolos de ouro é a cara da riqueza !

Natália Vasconcellos disse...

Você é uma figura, Léo!! Adorei o seu currículo.

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