terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um poema para a ocasião.

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A Cia. Catabambos está completando 3 anos .

Poderia postar momentos tão bons junto ao grupo, ou não. Mas estava fazendo uma breve passagem de tempo em minha mente e cheguei a conclusão de que tudo o que somos , é fruto incondicional da poesia. Sim, ela mesma ... a poesia que nos deu voz ativa e nos fez amadurecer.

A poesia está nas minhas entranhas desde muito cedo, desde pequeno era como um brinquedo para mim. Foi bom já aos onze ser levado pela sabedoria da Pró Rosa a estudar Interpretação Teatral da Poesia, de 11 a 17 anos aprendendo uma coisa muito diferente do que já naquele tempo se chamava declamação, apartir daí uma seta cruza o tempo e o motor é dela, e o avião é ela, e a vela é ela. Ela o barco, é ela o trem. Contando assim pra mim mesmo, vejo como andei e ando até hoje com a poesia como protagonista mesmo sendo ela tão figurante no cenário da realidade brasileira. Mesmo com todos os avanços da comunicação a gente ainda vê o maltrato dispensado a ela, pelos livreiros, leitores, editores, como se ela não pudesse ser sala de visita pra casa de ninguém. E o pior, ela é.

Na profunda realidade do cotidiano, aquela óbvia que a gente nem percebe, a poesia está. Tocando nas canções de rádio, nos provérbios populares que habitam os diálogos, nas folhinhas do calendário penduradas nas paredes descascadas, no verso de cada dia das agendas das secretárias executivas, nos oráculos, nos livros de oração, nos bilhetes dos amantes, mas poucos a vêem como um filão. Pouca gente vê que é produto de primeira necessidade e nesse percurso me vejo levando-a pela mão e sendo levado por ela ao seu ouro, que é ao mesmo tempo o seu propósito: esclarecer, educar, desabafar pelo mundo, pensar com o mundo. A poesia é um ato de compaixão, uma declaração de amor de um homem pra outro. A humanidade respira no verso do outro, no verso do irmão.

Tiro por mim: como divindades feitas de puro verbo, quantos Bilacs já salvaram meu peito? Quantas vezes já rezei Adélia, Pessoa, Quintana, Bandeira, Drummond? Quantas vezes não morri porque garrei na mão de Manoel de Barros? Dormi no colo de Cecília, não me perdi por pertencer ao rebanho de Caeiro e aprendi com a angústia como uma Clarisse. É bom ter poema pra cada ocasião, é mágico como um oráculo, a mesma poesia num outro dia ganha outro sentido, por isso nunca se acaba de ler um livro de poema, é leitura infinita.

Nunca separei poesia de teatro porque sempre vi a dramaturgia dela. São milhões de identidades e emoções cujos personagens somos nós poetas e toda a humanidade que representamos e a qual damos voz. Quando dei por mim, de tanto escolher a poesia percebi que ela tinha me escolhido também. Desde menino então, sob as ordens dessa deliciosa criatura venho cavalgando o mundo, como uma criança que carrega água na peneira e com a alegria da brincadeira vai regando a terra. Para que a palavra ande é preciso pregar a palavra, a isso a poesia nos convoca.

Outro dia eu vi um vizinho de filme dizendo assim pra mulher “Você pensa o quê? Eu trabalho, minha vida não é poesia não”. E eu pensei falando sozinho com a tela da TV, durante a sessão da tarde, pois a minha é.
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E como dizia Gilda... " A poesia salva"
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Em 27 de novembro, estrearemos nosso novo espetáculo " O Duelo do Poeta, com sua Alma de Belo".
Como forma de agradecimento , adianto que será platéia Vip.

2 comentários:

Michel Oliveira disse...

obrigado pelo convite a plateia VIP, sinto-me honrado. Quanto a poesia concordo com vc, acredito que ela resida na alma das pessoas sensíveis. Abraços

Luiz Henrique disse...

"como uma criança que carrega água na peneira e com a alegria da brincadeira vai regando a terra"
Pena que a maioria das pessoas, como defesa mesmo, cria uma casca em torno da sensibilidade que as torna amargas (me vigio pra não fazer isso). É, portanto, uma questão de exercício de abertura de alma.
teh +

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