quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sem Gran Finalle .

Tentei não postar nada sobre Michael, mas tinha de deixar registrado, para uma leitura no futuro..talvez.

Michael foi um menino abusado, explorado, castigado e mal criado pelo pai, com a passiva e, não menos cruel, cumplicidade da mãe. E o pior, não só a sua aldeia, mas estas torpes histórias o mundo todo comentava. Um gênio maravilhoso, cuja infância foi roubada e cujo talento em vida sustentou aquela cambada, aquela mórbida e fria família, cujos olhos já brilham com os lucros da morte de seu gênio mais valiosíssimo. Um menino que ensinou ao mundo os passos da lua e era chamado de macaco pelo pai monstro com cara de cafetão escroto; morreu inseguro, infeliz, esfacelado nos trapos da palavra identidade, desfigurado, retalhado na face, frágil, doente, anoréxico e esbranquiçado, depois de ter sido o primeiro a, com sua música pioneira e única, unir as vozes brancas e negras na América e fora dela. O mundo testemunhou a tragédia de um mártir que inscreveu no corpo, na cara, nas bizarras atitudes no patético castelo de horrores da terra do nunca, as contradições, as injustiças, o racismo e a crueldade de uma nação chamada de primeiro mundo e de uma civilização omissa e equivocada.

Esta morte pode ser um alerta. O menino violentado ainda pequeno, afanado em seu direito de ser criança, não cresceu e, o que nele cresceu, não gostou do que viu. A dependência crônica dos analgésicos grita nos nossos ouvidos, como lhe doía viver. Mas me pergunto por que um milionário que foi sacaneado na infância e impedido de se construir fora dos palcos, uma vez que a base de seus casamentos e relações pessoais pareciam seguir as leis da ficção, porque este homem rico de grana e tão comprometido psicológica e emocionalmente, morreu sem tratamento? Ser um homem de cinquenta anos, cheio de Mickey e Peterpan pelas paredes de seu quarto, criar aquela face indescritível de batom sob um nariz sem cartilagem e sob olhos infantis muito tristes não era bizarro, era loucura. Ele estava dodói e poderia, com uma boa terapia e tratamento psiquiátrico, ter tido um outro destino onde seu talento pudesse realizar o mundo e a ele mesmo ainda mais, onde ele pudesse se libertar de vez daquele demônio paterno.

E assim foi-se um ídolo.

4 comentários:

iranzitorama disse...

Perfeito!!! Maravilha!!!

anareis disse...

Querido(a) novo(a) amigo(a),estou precisando muito da ajuda de todos os amigos. estou montando uma minibiblioteca comunitária pra crianças e adolescentes na minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,se voce puder me ajudar estou fazendo uma campanha de doações. pode doar qualquer quantia no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3, ou pode doar livros ,ou pode doar máquina de costura, ou pode doar retalhos, ou pode doar computador usado. se quizer fazer aguma doação entre em contato com meu email: asilvareis10@gmail.com ,eu darei o endereço de remessa. se voce não puder me ajudar com doações pode divulgar minha campanha, tenho 2 blogs no google gostaria da sua visita: Eulucinha.blogspot.com ,obrigado pela sua atenção.

Frederico Lira disse...

Léo querido e hoje idolotrado por conhecer a sua escrita. Adorei ler o texto sobre Michael Jakson!!!!!!
Arrebentou meu fio!!!!!!

SuzyMarques disse...

Somos tão frágeis...superar as feridas emocionais é um grande desafio...nem todos conseguem!

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