segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Modismo "Cafonatual" ( essa moda pega ! )


Vestir roupinha de plástico no liquidificador e futricar com as vizinhas pelo muro já é demais. Colocar toalhinha de crochê em cima da televisão e fazer curso de pintura em sabonete, também não rola. Cafonice tem limite. Pelo menos é o que dizem os indivíduos modernos. Eu me considero assim também, mais vanguarda do que nostálgico. Mas que certas cafonices fazem um bem danado, lá isso fazem.
Eu sempre achei um horror aqueles quitutes de festa do século passado. Era um tal de embrulhar o repolho com papel alumínio e espetar ali uns palitos de dente com salsicha e queijo... Que tosqueira. E eis que, hoje, adoro ser socialmente cafona. Adoro fazer e comer aquelas batatas de bolinha cozidas e dispostas na travessa com azeite, sal e temperinhos. Adoro dobrar os guardanapos em formatos específicos e colocar em cima do prato ou ao lado dele quando visitas vêm almoçar aqui. Adoro até servir café com um biscoitinho no pires! Minha vó ficaria orgulhosa.
Ser cafona é ser feliz. Embrulhar presente em casa, por exemplo, é uma alegria plena. Fora com essas caixas e sacolas com o nome da loja estampada! Legal mesmo é comprar papel de presente, cortar no tamanho, grudar com durex e meter um fitilho de cor berrante no cantinho do pacote. Ser cafona é perder tempo e adorar tudo isso.
Nem ligo se as visitas vão reparar que a louça suja está na pia, mas mesmo assim digo isso pra elas: “não repara a bagunça, hein?”. É uma delícia. Uma única frase nos transporta cinqüenta anos para trás, quando a tal bagunça existia apenas na mente da dona da casa. Além disso, torna-se quase impossível dispensar frases como “faz de conta que a casa é sua” e “não faça cerimônia”. Tem coisa mais jeca? E mais cordial?
De pequeno, eu achava renda o supra-sumo da breguice. Pro meu desgosto, todo mundo ao redor parecia amá-las , inclusive minha tia Joelice, tanto que elas eram pregadas nos seus vestidos, nas meias, na tiara de cabeça. Rendada até a alma, ela tinha de comparecer em casamentos e outros eventos. Ficava parecendo uma pipoca que recebeu radiação, explodiu e quadruplicou de tamanho. Todo mundo achava chique, eu achava absurdo. Hoje, adivinhem: estou caçando um tecido rendado para fazer cortina na janela da sala de visitas ...
É cafona fazer trança de raiz no cabelo, mas esse ainda é penteado que eu acho mais bonito . É cafona ouvir Maysa (se bem que ela está na moda), mas ela deu de se esgoelar aqui no meu iPod. " meeeeeeu mundo caiu.. , ahh mas eu adoro é ouvir :
.
Mas quando a lembrança com você for morar, e
bem baixinho de saudade você chorar
vai lembrar que um dia existiu
um alguém que só carinho pediu
e você fez questão de não dar
fez questão de negar (...)
.
É cafona ter avenca, mas minha sacada vai ganhar uma dessas assim que for possível (mas não será um modelo fajuto de plástico, fiquem sossegados).
Também, vou dizer, até os mais bem-lançados são cafonas, viu. Chamam isso de “moda cíclica”, mas a verdade é que os estilistas, por exemplo, são uns carinhas bem cafonas que não vêem a hora de fazer calças de boca larga, blusa de lantejoula e escovar cabelos a la Farrah Fawcett. Chefs de cozinha, idem: querem parecer moderníssimos, mas estão lá usando gelatina sem sabor e chamado o prato de “terrine”, quando a coisa parece tão somente um cuscuz de pobre.
Tá bem, não vamos exagerar e voltar ao sofá coberto com capa plástica, à máquina de escrever ou à vitrola (apesar de eu achar os dois últimos maneirissimos.. ).
Mas que tal se a gente cafonear um pouquinho o dia-a-dia e lembrar o que é tão bom, tão modesto e tão simplório, hein?
Ah, eu vou fazer isso.
Não repara, tá?

3 comentários:

Anônimo disse...

Gente!!!
Como Deus sabe distribuir os dons! E o mais incrivel, é ver como as pessoas fazem bom uso desse divino atributo...
Boa Sorte Leo!!!
Que seu futuro seja brilhante
Henrique Azevedo (Binho)

Persona disse...

AMEI o post! Sério! Posso roubar a idéia?
Tem mesmo muita coisa que eu achava uó da cafonice e que hoje eu curto.
Mas acho que não podemos esquecer que nossa visão de mundo muda muito de acordo com a idade e a fase da vida.
O bacana mesmo é curtir as nossas cafonices e futilidades sem ter que ficar fazendo carão!

Bjoooo

Cruela Veneno da Silva disse...

menino azedo?

sou brega demais da conta... se vc pudesse imaginar.

kkkkkkkkkkkkkkkkkk

agora, biscoitinho de nata, ou joaquim teodoro no pires é chique.

tá?

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