quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Caderninho roxo, popular " Diario de um vilão gay ! "

Bom dia, querido caderninho roxo com capa de veludo e letras douradas! (meio gay, mas meu)
Ah, como é bom desabafar aqui. Minha vida é atribulada demais, você sabe. E não é de trabalho, porque ser um herdeir multimilionário não dá, por assim dizer, calos nas mãos. É que preencher os dias está cada vez mais exaustivo. São tantas coisas a fazer... Esses dias mesmo acordei lindo e maquiado e fui tomar café. Deu um tédio! Aquela vagabunda da Rosalita esqueceu de colocar na mesa meu queijo de cabra escocês e o suco de umbu feito na hora. Botei ela na rua, ô se botei. Que se dane se tem seis filhos e um marido entrevado. É pobre, tem mais é que se danar.
Pobre e burra, né? Porque, francamente, quem dá guarida para sobrinho órfão tendo um barraco cheio de gente pra alimentar? Se fosse eu, pegava aquele fedelho sarnento e mandava pro reformatório. Menininho mais atrevido. No dia em que veio aqui no meu solar, ficou por aí flanando. Mandei logo lavar minha beêmi, mas ele disse que não podia porque era cego. E isso lá é desculpa? Preguiça, isso sim.
É como a Carmen, minha irmã. Fica lá, cuidando daqueles velhos no asilo, e esquece que tem berço. Bastou eu roubar o namorado dela(métodos secretos), suas ações na empresa e rasgar o vestido que ela usaria para receber uma homenagem aí, ficou toda chorosa. É uma fraca. Acho que vou picotar o cabelo loiro dela hoje à noite, só pra largar de ser besta. Tô por aqui com gente do bem, saca, diário?
Mesmo o Alfredo já está me estorvando. Eu gosto dele, mas não tolero quando vem com aquela historinha de que eu preciso participar mais dos negócios, fazer alguma coisa útil. De tanto que me encheu, sabotei o carro dele. Precisa ver que hilário, o Porsche sambando pela beira-mar e rolando barranca abaixo! Hahahaha, quase fiz xixi nas calças de rir quando ouvi a explosão! Era meu pai, mas era um otário, vai?
Só fiquei com dó de mamãe, que se acabou em gritos quando soube. Vixe, imagina quando ela descobrir que botei a casa dela no prego... Mas eu tive que fazer, sabe? Vi no shopping um colar lindo de diamantes usado pela Madonna em sua turnê, precisei comprar. Daí paguei com a venda da fazenda da velha. Ah, ela não vai sentir falta de lá. Maior caatinga de vaca rolando no ar, credo. Da última vez que fui visitar, tive de queimar toda a minha roupa depois. Ficou fedida de capim. Tudo bem, eu rolei no feno com o peão Donato, confesso...
Foi ele quem deu bola! Juro! Também, casado com aquela mocoronga da Ritinha. Eu detesto mulher boazinha, sabe? Dá vontade de plantar um murro na fuça. Sempre gentil, solícita, sem batom nem esmalte, com aquele cabelinho lambido e roupa de camponesa. Podia atear fogo na casa da vadia! Mas aposto que ela ia salvar os animais do celeiro antes, resgatar as crianças e daí escapar. E virar heroína, claro. O que me daria muito mais vontade de acabar com ela.
Com a Eulália, por exemplo, foi muito melhor vê-la sofrer do que esquentar a cabeça provocando sua morte. Gozadíssimo, diário: descolei uma roupa de enfermeira e roubei a criança dela ainda na maternidade!, eu fiquei a cara de uma drag desfilando nas cajuranas... Mas eu que não ia ficar com um pacote fedido daquele nos braços, éca. Deixei na porta do convento. Vai ser criada como bastardinha. E a Eulália ficou lá, arrancando os cabelos. Eu fui consolar só pra ver a cara de tacho dela. Ninguém desconfiou que a enfermeira de 1,80 m, olhos azuis e vestido branco Armani era eu mesmo. Diz, não são uns jegues? É por isso que adoro ver todos sofrerem: são trouxas demais, dá raiva!
Minha amiga Olívia é um caso desses. Já dei um perdido nos brincos de ouro dela e culpei o motorista, forjei fotos da tal com um amante de mentira, desliguei os aparelhos que mantinham o marido dela vivo e até roubei feito louco nas nossas partidas de tranca. Ela nunca se toca! Acha que eu sou a melhor pessoa do mundo. Numa boa? Acho que vou deixá-la na miséria só por diversão. Capaz de me agradecer, a babaca.
Eu não sei se sou muito esperta ou os outros é que vacilam, sabe, diário? Daquela vez em que o Otávio descobriu minha sexualidade e minhas artimanhas e ameaçou contar, foi bico trocar as pílulas dele pro coração por naftalina. Entrei na casa sem ninguém ver, abri o espelhinho do banheiro e o vidro de remédio estava lá, na primeira fila. O cara nem notou que os comprimidos tinham o triplo do tamanho. Tá ficando até chato, de tão fácil.
Amanhã estou pensando em atropelar o Estevão bem cedo, pra não dar tempo dele ir pedir a Joyce em casamento – vai que eles casam e me convidam pra padrinho, já pensou? Euzinho, com meus sapatos Manolo em casamento na periferia? Seria a morte (hahaha, desculpa o trocadilho). No almoço pensei em inventar um boato sobre a secretária da firma e, de tarde, preciso fazer o cabelo. As mechas estão desbotando.
Só de noite vou poder chantagear a Celeste por causa da mãe bêbada que ela renegou. E depois dou uma passadinha lá no Rubens e finjo que estou apaixonado, assim ele concorda em transferir pra mim a direção do orfanato. Vou fechar aquele mocó antes que os pivetes possam dizer “nós te amamos, professor Rubens!”.
E então todos saberão que não se mexe com Fredericow Monrah Cristian da Veiga Prado!
Agora vou dormir, diário. Vou te deixar aqui, na mesinha de centro da sala. Espero que ninguém te encontre, leia e descubra as falcatruas que pratiquei... Há, claro que não vai acontecer! Eu sou demais.

* * * * * *

Um comentário:

Cruela Veneno da Silva disse...

olá moço sumido.
tudo bem por aí?

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